

PALAVRAS: AS FERRAMENTAS DOS POETAS
Acorde, poeta! Jamais faça um verso sem tino.
As palavras querem ser inéditas
mesmo que durmam em dicionários envelhecidos,
elas querem ações sem inércia.
Aprume-se, vate! Quantas letras deixaste caírem insanas?
Cuidado! Elas cobram insensíveis os seus atos,
mesmo que fujam como ratos que profanam
nossos leitos de poetas desvairados.
Fique esperto, poeta! O uso e abuso dessas meninas
– Meigas formas de falar aos olhos dos corações –
podem nos levar a atitudes malignas,
enquanto visitamos sonhos aos borbotões.
Anime-se, vate! Não cuspa no prato em que comeu um dia.
Faça com paixão e compaixão o que gravas,
deixe tudo no ar, recoste-se no sofá de sua fantasia
e assista enigmático um filme de Costa Gavras.
Deleite-se, poeta! Enquanto as imagens lhe alimentam,
brinque de criar com elas pequenas trovas,
abra devagar sua caixa de ferramentas
e suas frases assumirão diversas e alegres formas.
Aproveitem, vates! Não afoguem mágoas na cachaça.
Escancarem suas janelas e saúdem com alegria,
a roda do dia que gira o tempo que passa,
gerando sílabas profundas e plenas de empatia.
Então, descansem, depois de conceber novas poesias.
FIM
EDIH LONGO